infertilidades e confidências

E se eu tivesse desistido?



Tuesday, December 26, 2006

O nosso sonho realizou-se entre os tratamentos! Sinto-me muito feliz!

Casei-me em 1997 após vários anos de namoro.

Não decidimos logo ter um filho porque primeiro era necessário estabilizar. Passados uns 3 anos, sem pensarmos muito no assunto, deixamos simplesmente de tomar precauções para não engravidar, sem contudo estarmos com a ansiedade de "quando é que vai acontecer". Queríamos, calmamente, começar este caminho que, ainda não sabíamos, ia ser tão longo e difícil.
No dia 1 de Julho de 2001, sem sequer me passar pela cabeça que poderia estar grávida, dei entrada na urgência do Hospital. Fui operada de urgência sem saber bem a quê (talvez o apêndice ou um quisto nos ovários que tivesse rebentado) e no dia seguinte, quando acordei, disseram-me que tinha tido uma gravidez ectópica. Na altura nem fiquei muito preocupada com o assunto, nem desiludida, pois não sabia que uma gravidez ectópica era assim tão rara e também nem imaginava que me poderia dar complicações futuras. Até fiquei um pouco descansada pois a operação que me fizeram foi conservadora e não me retiraram a trompa. Por isso, pensava eu, nada me impedia de uma nova gravidez brevemente.

Esperei 3 meses para podermos começar a tentar novamente. Começamos então esta nova etapa! A gravidez não aparecia e resolvemos consultar um especialista em infertilidade para nos fazer alguns exames. Após estes exames tudo parecia estar contra nós. Cada exame que vinha o resultado não era satisfatório: eu tinha as trompas obstruídas, a prolactina elevada, ovários poliquísticos, ciclos irregulares; o meu marido tinha uma percentagem baixíssima de espermatozóides de boa qualidade. Ora, com estes factores, uma gravidez de forma natural era praticamente impossível.

Começamos então um percurso intensivo de reprodução medicamente assistida. Fizemos a primeira ICSI em Abril de 2002, na qual depositamos todas as esperanças de sucesso. Era a primeira vez que fazíamos o tratamento e ainda não sabíamos para o que íamos. Depois de muitos dias de injecções diárias, várias ecografias, lá fizemos então a ICSI. Casa .... Repouso ... e teste de gravidez negativo! Parecia que o mundo ia desabar. Um tratamento tão caro para nada! Parecia impossível. Fomos a nova consulta e agendamos novo tratamento para Dezembro. Novamente injecções, ecografias, muito dinheiro gasto, casa, repouso ... e teste de gravidez negativo! Outra desilusão, desta vez ainda maior do que a primeira. Era uma corrida contra o tempo, era um desejo que não se realizava. Ia sabendo de algumas amigas que tinham feito e ficavam grávidas à primeira tentativa. Eu já ia na segunda. Novo agendamento de outra ICSI para Abril de 2003. Todo o processo igual; novo resultado de gravidez negativo! Nós só pensávamos como era possível em 3 tentativas nenhuma dar certo! Será que não merecíamos ser pais? Entretanto, os nossos amigos iam sendo pais, e nós sempre na mesma, os 2 sós junto com a nossa querida cadela! Era este o nosso triângulo! Decidimos parar para pensar. Tinha sido um ano de tratamentos, um ano de muito dinheiro gasto, um ano de expectativas frustradas...
Tínhamos que alterar alguma coisa. Foi então que pensamos em ir tentar em Espanha, uma vez que os nossos vizinhos têm muito mais experiência nesta área. Embora o nosso médico em Portugal nos tenha explicado que o que faziam lá era o mesmo que fazem aqui, que os métodos são os mesmos e nós tínhamos que mudar algo para ver se a esperança renascia. Decidimos ir a Espanha apenas em Janeiro de 2004. A nossa vida ia continuando, mas o objectivo era que chegasse rapidamente a altura de irmos fazer o novo tratamento. Fomos então surpreendidos: em Outubro, após alguns dias de atraso e alguns sintomas, decidi comprar um teste de gravidez na farmácia. Sem grandes expectativas, mas talvez com uma esperança no meu subconsciente, lá fiz o teste e qual não foi o meu espanto quando passados poucos segundos deu logo positivo. Eu nem queria acreditar!!! Como era possível? Liguei logo ao meu marido e dei-lhe a notícia. Ficamos com um misto de alegria e preocupação. Seria uma gravidez normal, seria outra gravidez ectópica? No dia seguinte, liguei logo ao meu médico que se disponibilizou para me fazer uma ecografia. E assim foi. Ainda só se via o saco gestacional e estava no sítio certo, no útero. Parecia mentira. Eu estava grávida! Tínhamos vontade de contar ao mundo, mas o médico alertou-me que existem vários casos em que a gravidez não evolui e por isso aconselhou-nos a regressarmos 15 dias depois para ver se havia batimentos cardíacos. Foram 15 dias de ansiedade a contar os minutos para chegar a ecografia. E lá chegou, e havia batimentos cardíacos. A alegria ia crescendo. As ecografias iam-se sucedendo e tudo corria bem.

Apenas na ecografia morfológica apareceu um contratempo: tinha a placenta prévia central o que significa que era uma gravidez de risco, com muitas probabilidade de parto prematuro. De facto com 32 semanas fui internada, em repouso absoluto, e o nosso bebé nasceu com 35 semanas e 4 dias. Correu tudo bem e hoje é um menino lindo de 2 anos e meio.

O nosso sonho realizou-se entre os tratamentos! Sinto-me muito feliz!



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